EasyGNU

Blog sobre GNU, Linux e software livre voltado ao público leigo. Sem conteúdo geek, programação ou gatekeeping. Apenas explicações e tutoriais.

A maneira mais direta e abrupta de se transicionar para software livre é instalar Linux e usar os programas nativos do sistema. Porém, fazer essa mudança abruptamente não é para todo mundo. Falta de autoconfiança pra fazer o processo, medo do desconhecido, esforço de adaptação, vários motivos podem causar isso.

Uma forma de transição mais gradual é usar software livre dentro do Windows. Para isso, vou apresentar o site AlternativeTo.

Esse site cataloga vários programas e suas alternativas, que incluem alternativas de software livre. Para usar o AlternativeTo, basta digitar um software conhecido na barra de pesquisa e será aberta uma página de alternativas para ele. Vou usar o exemplo do PowerPoint, que é um dos softwares mais comuns e usados no mundo.

Barra de pesquisa do AlternativeTo

Ao abrir a página de alternativas do PowerPoint, é apresentada uma lista de alternativas por ordem de votação (quais alternativas a comunidade julga como melhores). O primeiro resultado é o LibreOffice Impress, parte da suíte LibreOffice que é o office padrão na grande maioria das distribuições Linux.

Existem alguns filtros de pesquisa, e um desses filtros é o “Open Source”. Para efeito desse post, open source e software livre são a mesma coisa, então esse filtro deve estar habilitado.

É bom ainda habilitar os dois filtros de plataforma: “Windows” e “Linux” para que os resultados sejam software multiplataforma (o mesmo software poder ser usado em qualquer dos dois sistemas).

Página de alternativas mostrando os filtros

Ao se interessar por um programa específico, ele tem uma página descritiva clicando em More about [...]. Rolando a página mais para baixo é possível encontrar o link para a página oficial.

Página da alternativa no AlternativeTo

E na página do projeto é possível fazer o download.

Página do LibreOffice

A ideia é fazer esse processo com todos os programas instalados, buscando alternativas para cada um que for proprietário (o AlternativeTo irá dizer se é proprietário ou não). Alguns podem não ter, ou a alternativa não ser boa o suficiente. É bom testar, e também ver quais são as alternativas disponíveis em Linux.

O melhor para começar a substituir é exatamente o Office, porque é o software que mais trava potenciais migrações. Usar o LibreOffice e o formato OpenDocument (que ainda são muito pouco usados) mesmo no Windows já é uma ótima forma de apoio simbólico ao software livre.

Usar software livre dentro do Windows é só uma forma de se acostumar com os programas de Linux para reduzir o esforço de adaptação com a futura troca do sistema operacional. Não vá se acomodar, hein ;)

Sobre mim:

Monaĥo (Vinicius) é ativista vegano e de software livre.

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Um dos problemas de compatibilidade que fez o Linux sofrer um pouco foi o uso de formatos fechados (ou proprietários). Um formato fechado faz com que apenas um programa, propriedade do dono, o decodifique. Esta prática limita a interoperabilidade entre programas diferentes e gera o que se conhece como Aprisionamento Tecnológico.

Se apenas o proprietário do programa pode ter um programa que decodifique o formato, ele é quem precisa tratar a interoperabilidade com outros programas e sistemas. Não é vantagem competitiva para ele que outros programas decodifiquem o formato, e também não é vantagem oferecer suporte para outros sistemas operacionais nichados. Formatos abertos eliminam esse problema e garantem suporte entre diferentes programas e plataformas.

Com o passar do tempo, os formatos abertos foram se popularizando e os problemas de compatibilidade com formatos proprietários foram diminuindo, em parte graças à popularização da web. Não há mais tanto problema de compatibilidade de arquivos entre Windows e Linux, mas ainda assim vou recomendar o uso de formatos abertos. O aprisionamento tecnológico ainda é um problema em softwares profissionais e de aplicações específicas, mas acredito que deixou de ser para o usuário comum.

A Wikipedia tem uma lista de formatos abertos. Vou discutir os mais comuns aqui.

Texto

Office

O exemplo mais clássico de aprisionamento tecnológico em formatos são os antigos formatos do Microsoft Office (.doc, .ppt, .xls, …). Esses formatos são compatíveis apenas com o Office da Microsoft e mais ou menos compatíveis com outras suítes de office por meio de engenharia reversa.

A partir do Office 2007, a Microsoft criou um novo formato aberto chamado OOXML (Office Open XML). É o formato em que a extensão termina com ’x’ (.docx, .xlsx, .pptx, …). Esse formato também é padronizado pela ISO (International Standards Organization), uma organização internacional que define padrões. Porém, apesar de aberto, ele ainda continua sendo um formato muito centrado no Microsoft Office e o desenvolvimento também é muito influenciado pela Microsoft, questionando se ele é realmente “livre” apesar de aberto.

O formato livre e aberto correspondente é o OpenDocument (extensões .odt (OpenDocument Text), .odp (OpenDocument Presentation), .ods (OpenDocument Spreadsheet), …) e é usado por padrão no LibreOffice, porém esse não é o “formato do LibreOffice”. Uma outra suíte que implementa o OpenDocument é o Calligra.

Recomendação: OpenDocument, seguido de OOXML.

Software: LibreOffice.

Ebook

A Amazon possui seu próprio formato de livros (.mobi) “meio aberto” que possui algumas extensões proprietárias. O formato aberto correspondente é o ePub (.epub).

Recomendação: ePub.

Compressão

O exemplo mais clássico de formato fechado dessa categoria é o RAR (.rar), usado pelo WinRAR. É um formato que faz tanto compactação (juntar vários arquivos em um) quanto compressão (reduzir o tamanho do arquivo compactado). Esse formato também passou por engenharia reversa para garantir compatibilidade com outros programas. No Windows, um software livre compatível com vários formatos de compactação e compressão é o PeaZip.

No Linux, essas duas funcionalidades costumam ser separadas. Os tipos de arquivos compactados geralmente são .tar.gz (.tar (de Tar) é a compactação e .gz (de Gzip) a compressão) – ambos formatos livres e abertos. Essa separação permite compactar sem compressão e comprimir outros tipos de arquivo (por exemplo, .pdf.gz).

Outros formatos livres que unem compactação e compressão são o 7-Zip (.7z) e o formato universal, Zip (.zip). Ainda assim, o ideal é separar as duas coisas e usar .tar.gz.

Recomendação: Tar (.tar) com ou sem Gzip (.gz) ou Zip (.zip) ou 7-zip (.7z).

Software: PeaZip (Windows). No Zorin um programa para esse fim já é incluído por padrão (chamado de “Gerenciador de arquivos compactados”).

Mídias audiovisuais

Esse tipo de formato tem um problema diferente. Os algoritmos de compressão audiovisual mais usados são patenteados dentro de uma patent pool. Cada licenciante precisa pagar royalties para os licenciadores das patentes. O maior licenciador de patentes é a Via-LA.

Aqui cabe algumas distinções entre o algoritmo de compressão e o container.

O algoritmo de compressão é o que faz um sinal áudiovisual (vídeo, áudio, imagem) ter um tamanho menor. O objetivo desse algoritmo é obter o menor tamanho de arquivo com o mínimo de perdas perceptíveis no sinal. Como exemplo, vamos supor que um formato de música sem compressão como os utilizados em CD (arquivos .wav) represente uma música num arquivo de 30MB. O objetivo da compressão é transformar esse dado em, por exemplo, 3MB com o mínimo possível de perdas perceptíveis. O mesmo vale para vídeos e imagens.

O container é o que contém os dados comprimidos. Precisamos de containers porque essas mídias precisam de múltiplos dados (vídeo, áudio, legenda, outros) no mesmo formato. Alguns containers são projetados para formatos patenteados, outros para formatos livres, outros para todos os formatos.

Exemplos de algoritmos de compressão:

  • Patenteados: H.265 (vídeo), AAC (áudio), MP3 (áudio, patente já expirada, atualmente é livre), HEIF (imagens).
  • Livres: AV1 e VP9 (vídeo), Opus (áudio), AVIF (imagens).

Exemplos de container:

  • Para algoritmos patenteados: MPEG-4 (.mp4, .m4v), QuickTime (.mov).
  • Para algoritmos livres: OGG (.ogg, .ogv, .ogx, .opus), WebM (.webm).
  • Universal e aberto: Matroska (.mkv (vídeo), .mka (áudio), .mks (legendas)).

Recomendações:

  • Vídeo: AV1 ou VP9 para compressão (AV1 é mais recente e moderno mas possui menos suporte a hardware e software), Matroska para container (.mkv) ou WebM (.webm).
  • Áudio: Opus (.opus) para áudio em geral, FLAC (.flac) para músicas em alta fidelidade, porque é um algoritmo de compressão sem perdas. MP3 hoje em dia é livre e aberto mas o algoritmo é muito antigo e ultrapassado, não compensa ser usado.
  • Imagens: AVIF (.avif) ou JPEG-XL (.jxl), são os formatos mais recentes com o melhor balanço entre tamanho de arquivo e qualidade e já tem bem suporte de software. AVIF é o que tem melhor suporte de software. Os formatos populares .jpg e .png também são livres e abertos, mas os sugeridos são mais modernos e eficientes.

Software (no Zorin OS): Handbrake (conversão de vídeos), SoundConverter (conversão de áudio), Switcheroo (conversão de imagens).

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O Windows tem duas formas de instalação de software: ir no site do desenvolvedor, baixar um arquivo .exe e instalar ou, mais recentemente, a loja do Windows (Microsoft Store).

Não há um equivalente ao .exe em Linux, mas existem outras formas de instalação de software e vou comentar sobre quatro formas diferentes. Três dessas formas estão disponíveis por padrão no Zorin.

Flatpak

Essa forma é um “padrão internacional”, pra se dizer. Várias distribuições e os principais projetos de software livre adotaram o Flatpak para distribuição oficial.

Flatpak é um meio de distribuição de software independente da distribuição. Os programas em Flatpak também são executados dentro de uma “sandbox”, um ambiente separado do sistema operacional base e não interferem no mesmo, o que permite maior segurança porque os programas podem ter suas permissões controladas. Um programa para controlar essas permissões é o Flatseal.

A maior coleção de programas Flatpak fica no FlatHub. Ele já vem integrado por padrão na loja do Zorin. Na loja, tem uma opção da fonte do software em cada item. Se estiver escrito “FlatHub”, ele é um Flatpak. Também é a forma principal que eu recomendo para instalar programas.

Impression Flatpak

No FlatHub é possível ver que alguns programas tem um “v” de verificado e outros não. O verificado quer dizer que o próprio desenvolvedor criou aquele Flatpak para distribuir, e o não oficial significa que foi um terceiro.

Snap

Essa forma é parecida com o Flatpak, mas o Snap é centrado no Ubuntu (no qual o Zorin é baseado) e teve pouca adesão fora desse ecossistema, por isso a coleção de software dele é menor. Alguns desenvolvedores ainda preferem distribuir por ele, como é o caso do Spotify.

O centro dos pacotes Snap é o Snapcraft e também já vem integrado na loja do Zorin. Ao pesquisar por Spotify na loja, devem aparecer duas opções. Uma é o Snap (oficial) e a outra Flatpak (não oficial, feita por terceiros). Se preferir buscar do desenvolvedor oficial, use a versão Snap.

Spotify Snap

Como no FlatHub, o Snapcraft também mostra se o pacote é oficial ou não através do “v” de verificado.

AppImage

AppImage é o formato de um programa distribuído como um único arquivo portátil. A ideia é baixar um arquivo .appimage, executar esse arquivo e o programa rodar. Quando um programa não está disponível na loja do Zorin, pode ser que ele esteja sendo distribuído por este meio.

Esses arquivos podem ser encontrados no site AppImageHub. Se possível, prefira instalar alguma versão disponível na loja do Zorin pela origem ser mais confiável, ou um AppImage baixado diretamente do desenvolvedor ao invés de um baixado de um hub.

Enquanto AppImages podem ser usados no Zorin, ele não tem uma integração nativa. O software Gear Lever permite gerenciar AppImages e é instalado via Flatpak na loja do Zorin.

Caso queira testar, sugiro o software Logseq que possui versão oficial AppImage e não distribui oficialmente por outros meios (na loja do Zorin é uma versão não oficial).

Logseq AppImage

Repositórios da distribuição

Essa é a forma clássica de instalações no Linux. Todas as distribuições “originais” possuem um repositório próprio de pacotes, como no caso do Ubuntu. A fonte dos repositórios da distribuição na loja do Zorin pode ser vista como “Zorin OS”.

Por muitos anos essa foi a única forma de se instalar pacotes: ter um repositório onde o objetivo era ter todo o software do mundo (ou melhor, aqueles em que a licença permitia) disponível dentro da distribuição, em um ambiente perfeitamente coeso e integrado. Cada distribuição tem uma equipe de voluntários cuidando de diferentes áreas e pacotes. Porém, manter tudo isso é um trabalho monumental para cada uma e muitos pacotes faltam, que podem ser preenchidos pelas outras formas acima.

Um site para verificar a disponibilidade de pacotes em cada distribuição é o Repology. Esse serviço já um pouco mais avançado do que os anteriores.

HomeBank Zorin OS

Outras formas

Ainda existem mais formas de se obter software, mas são destinadas a usuários mais avançados. Talvez eu escreva mais sobre no futuro.

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Com o final de vida do Windows 10 projetado para outubro de 2025, várias máquinas perfeitamente funcionais serão consideradas sucata eletrônica devido a não atender requisitos do Windows 11 estabelecidos arbitrariamente pela Microsoft. Suas opções (lícitas) são permanecer no Windows 10 sem atualizações e se expondo a riscos de segurança, comprar um computador novo com suporte a Windows 11 ou encontrar vida além do Windows.

A cultura vigente é marcada pelo uso de Windows: “todo mundo usa Windows porque todo mundo usa Windows”. É um padrão que foi estabelecido historicamente mas que pode ser quebrado com a mente aberta a mudanças. A substituição que eu recomendo é “Linux”.

Linux não é um concorrente de Windows porque não é um produto de uma empresa. É um sistema operacional livre (mais especificamente, o núcleo de um sistema operacional), o que significa que cada um é dono das suas cópias. Em contraste, em um sistema proprietário (como o Windows), o desenvolvedor é dono das cópias e pode controlar como elas são utilizadas. Um desenvolvedor nunca pode controlar software livre porque qualquer um pode modificá-lo e retirar restrições impostas.

Mais especificamente, o que se conhece popularmente por “Linux” é uma família de sistemas operacionais (distribuições) livres e de código aberto, cada sistema voltado a um nicho. Existem distribuições para uso pessoal, e também distribuições de uso pessoal voltadas a usuários iniciantes. Duas distribuições de iniciantes foram amplamente reconhecidas pela comunidade como as melhores e mais fáceis: Linux Mint e Zorin OS.

O Zorin OS se destaca por ter maior disponibilidade de software (faz uso de mais fontes de software diferentes) e por padrão ser um pouco mais parecido visualmente com Windows. Por isso foi escolhido.

Zorin OS padrão

O que esperar do sistema

A interface do Zorin OS é muito fácil de acostumar porque foi pensado exatamente para o migrante de Windows. Veja a interface assistindo a este e este vídeo explorando a interface ou, ainda, testando a interface no DistroSea selecionando a opção “Core64”. O DistroSea permite testar diferentes distribuições virtualizadas no navegador, sem interferir no sistema hospedeiro.

Para quem faz trabalhos básicos no computador (Office, WhatsApp, navegação web, tocar música, vídeos, Netflix, usar impressora) não é esperado que se tenha dificuldade alguma e é provável que seja uma experiência melhor. Todos os programas básicos têm equivalentes. Porém, há algumas diferenças.

  • O Office desktop da Microsoft não é compatível. A versão web (Office365) é, mas as distribuições costumam vir com LibreOffice que ainda é menos completo porém altamente compatível e suficiente para a vasta maioria dos casos de uso.
  • O WhatsApp não tem versão nativa para Linux mas pode ser usado pelo navegador ou por um WebApp ou ainda por um cliente alternativo. O mesmo acontece para outras plataformas populares.
  • Algumas impressoras podem não ser compatíveis. Impressoras HP são, maioria das Epson também. Não tenho experiência com outras marcas para afirmar.
  • Periféricos USB (webcam, pendrive, HD externo, teclado, mouse) funcionam sem problemas. Talvez alguma webcam seja incompatível, mas isso pode ser verificado antes da instalação.

Software profissional muito específico (como AutoCAD, SolidWorks) que são padrões “de facto” na indústria sem alternativas viáveis não tem versão Linux. Para quem trabalha com esse tipo de software é melhor permanecer em Windows ou fazer dual-boot por conta do mercado.

Alguns jogos como League of Legends, Valorant também não são compatíveis por conta do anti-cheat. Nesse caso também se faz necessário o Windows ou dual-boot.

Não imagino nenhum outro caso em que não seja viável usar Linux. Se o seu caso de uso parece OK, prossiga para a próxima seção.

Backup do Windows

Se você não tem ou nunca fez backup antes e possui dados importantes para preservar, recomendo possuir um HD externo. Para fazer um backup completo apenas copiando arquivos pessoais, copie a sua pasta de usuário do Windows. Para encontrar sua pasta de usuário, abra o Explorer e digite na barra de endereços ’C:\Users’. Se sua máquina não é compartilhada com ninguém, essa pasta deve conter apenas a sua pasta de usuário e a pasta “Público”. Copie (Ctrl+C) a pasta de usuário para o HD externo. Dentro desta pasta já estão todos os arquivos da sua conta pessoal: área de trabalho, documentos, imagens, vídeos, etc. O que for mais importante, coloque também em alguma nuvem como Google Drive.

Backup da pasta pessoal no Windows

Este não é um método inteligente de backup, mas é rápido e serve para o propósito deste post.

Preparação da mídia de instalação

Para instalar o sistema, será necessário:

  1. A imagem do sistema operacional (arquivo .iso)
  2. Pendrive de mínimo 4GB (8GB recomendado) e formatável (que se possa perder os dados)
  3. Software para gravar o arquivo .iso

A imagem do sistema pode ser baixada gratuitamente na página de download do site oficial. Faça o download gratuito do Zorin OS Core (atualmente na versão 17.2) (clique em “Skip to download” caso não queira inscrever o e-mail na newsletter).

Zorin Download

Com a imagem em mãos, insira o pendrive no computador e verifique que ele foi reconhecido corretamente. Se foi reconhecido, a imagem ISO pode ser gravada nele.

Para gravar a imagem ISO no pendrive, utilize o software Rufus. Faça o download do primeiro item, tipo “Padrão” e plataforma “Windows x64”.

Download do Rufus

Após a instalação e execução do mesmo, selecione o arquivo .iso do Zorin no botão “SELECIONAR” e verifique que o pendrive é o dispositivo correto onde está marcado na imagem abaixo. Deixe as outras opções como estão na imagem, o software se encarrega dos outros detalhes. Após a gravação, o pendrive estará pronto para iniciar.

Configuração do Rufus

Iniciando o sistema por USB

Deixe o pendrive preparado conectado na máquina e reinicie o computador. Enquanto ele estiver reiniciando, pressione repetidamente o botão que abre o menu de boot, que na maioria dos computadores é o F12. Essa tecla depende do fabricante. Abaixo deixo uma tabela de teclas para cada um para entrar na BIOS/UEFI ou no menu de boot.

Tabela de teclas para diferentes fabricantes

O menu de boot do meu notebook Lenovo (F12) é assim:

Menu de Boot

KINGSTON é a minha unidade de armanenamento interno (SSD) e Sandisk Cruzer Blade o pendrive. Em uma máquina com Windows, a unidade interna deve estar identificada com “Windows Boot Loader” ou algo semelhante.

Se a sua máquina tiver a opção de Legacy ou UEFI no boot, recomendo a opção UEFI. É recomendado verificar na interface da UEFI, pressionando repetidamente o botão correspondente durante a inicialização do computador, que as seguintes opções estão com os seguintes valores:

  • Boot mode: UEFI
  • Secure Boot: OFF

Imagens do meu notebook Lenovo (pressionando F2 para acessar a UEFI):

Boot Mode: UEFI

Secure Boot: OFF

Ao alternar valores nessas opções, deve haver um aviso dizendo que alteração pode tornar o sistema não-inicializável. Não há preocupação, se o Windows instalado não iniciar, basta reiniciar e entrar na UEFI novamente e voltar aos valores anteriores.

Se o Zorin for instalado em modo UEFI e a configuração na UEFI estiver previamente em modo Legacy (por exemplo, se o Windows havia sido instalado neste modo), a máquina não conseguirá iniciar o Zorin e aparecerá um erro semelhante a “nenhuma mídia bootável encontrada”. Se for o caso, basta reiniciar e trocar o Boot Mode na UEFI para o modo UEFI após a instalação.

O menu de boot permite selecionar qual dispositivo deve ser inicializado (o disco interno, algum disco externo, pendrive, etc). Cada máquina pode ter um design diferente desse menu. Selecione o dispositivo correspondente ao pendrive. O Zorin deve ser iniciado.

A primeira tela pergunta se quer experimentar ou instalar normalmente, com gráficos no “safe mode” ou com gráficos da NVIDIA. Se a sua máquina possui uma placa de vídeo da NVIDIA, selecione esta opção. Caso não saiba, selecione a primeira opção e o instalador detectará automaticamente a placa em tempo de instalação.

Primeira tela de boot

Na próxima tela é selecionado o idioma, rolando a lista de idiomas para baixo o “Português (Brasil)” pode ser encontrado. Nesse momento existem duas opções:

  1. Experimentar o Zorin OS
  2. Instalar o Zorin OS

Tela de experimentação

Selecione a primeira opção e o sistema poderá ser utilizado temporariamente pelo pendrive, sem alterar nada no disco do computador. Neste momento você poderá testar o sistema, ver suas funcionalidades, se tudo está funcionando corretamente. Se decidir instalar, execute o instalador pelo menu ou pelo ícone da área de trabalho.

Instalação do sistema

  1. Seleção do idioma: aqui, selecione novamente seu idioma de preferência, provavelmente “Português do Brasil”.

Tela de seleção do idioma na instalação

  1. Layout do teclado: use o teclado de mesmo nome do idioma, que é o padrão e mais comum.

Tela de configuração do layout do teclado

  1. Atualizações e outros aplicativos: marque as primeiras duas opções (Baixar atualizações enquanto instala Zorin OS, Instalar programas de teceiros para placas de vídeo, dispositivos Wi-Fi e outros formatos de mídia). Opcionalmente, participe do censo para apoiar o projeto de forma não financeira.

Tela de atualizações e outros aplicativos

  1. Tipo de instalação: se há uma instalação do Windows na máquina haverá a opção de instalar lado a lado caso queira fazer dual boot. Se não, marque “Apagar e reinstalar o Zorin OS”. Essa opção irá formatar completamente a máquina, apagando o sistema operacional que está instalado e todos os arquivos.

Tela de tipo de instalação

  1. Onde você está?: selecione um lugar no mapa para ajustar o fuso horário.

Tela de configuração do fuso horário

  1. Quem é você?: Aqui você preenche seus dados de usuário (nome, hostname, nome de usuário, senha). O hostname, ou “Nome do computador”, é o nome que identifica a máquina na rede. Pode ser qualquer nome desde que seja único na mesma rede.

Tela de credenciamento do usuário

  1. Tela de instalação: aqui é exibido o processo de instalação com slides de apresentação. Após finalizar a instalação, será pedido para reiniciar a máquina e o Zorin OS será iniciado automaticamente se o disco foi apagado anteriormente.

Tela de instalação em andamento

Configurações pós-instalação

Primeira tarefa: depois de uma instalação nova, a primeira coisa a se fazer é atualizar o sistema. Abra o “Atualizador de programas” e aplique todas as sugestões de atualização. Reinicie a máquina se for pedido.

Atualizando o sistema

A atualização por este programa é feita somente para o que está atualmente instalado no sistema, dentro do mesmo lançamento. Para atualizar o sistema para outra versão de lançamento quando esta ocorrer, há outra ferramenta para isso: “Atualize o Zorin OS” (também disponível no menu). Com esta ferramenta é possível atualizar tanto para versões menores (17.2 => 17.3) como para versões maiores (17.3 => 18.0) como para outras edições (Core => Pro).

Segunda tarefa: abra o Firewall e o habilite. Deixe as configurações padrão, apenas habilitando o mesmo.

Configuração do firewall

Estas são as únicas atividades recomendadas pra fazer depois da instalação. Após isso, é só instalar os programas necessários e fazer as customizações que desejar.

Os programas do Zorin são preferencialmente instalados pela loja de aplicativos que vem nele. Caso um programa não esteja na loja, verifique se o fabricante disponibiliza um pacote. Caso o programa não tenha versão nativa e não funcione de jeito nenhum, procure por alternativas no AlternativeTo (use o filtro Linux e preferencialmente também o filtro Open Source).

Tour do Zorin OS

No primeiro login, o sistema abre automaticamente um tour para apresentar os principais recursos. Tire um tempo para fazer esse tour. Caso tenha pulado na primeira vez, o aplicativo “Tour” pode ser iniciando pelo menu também. O tour apresenta

  • O menu

Menu do Zorin

  • Escolha de visual da área de trabalho

Escolha de layouts da área de trabalho

  • Integração de contas online (como Google) com o sistema

Configuração de contas online

  • Zorin Connect (conectar o telefone com o PC)

Conexão com o celular

  • Loja de aplicativos

Loja de aplicativos

Ainda ficou com alguma dúvida do processo? Assista a esse vídeo do canal “AG clube da informática”.

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Essa é uma lista de programas que compilei do Flathub que achei mais interessantes para compartilhar. Todos os programas recomendados aqui são instaláveis pela loja do Zorin e se integram bem ao ambiente GNOME. Ainda, todos são leves, de uso simples e não levam mais do que um dígito de minutos para entender.

As imagens mostradas estão em inglês e são imagens de divulgação feitas pelo próprio desenvolvedor.

Planify (gerenciador de tarefas)

Planify é um gerenciador de tarefas voltado a projetos, semelhante ao Todoist (inclusive possui integração com o mesmo). É possível criar projetos (como visto na lateral esquerda) e tarefas para cada projeto.

Além disso, é possível dividir cada projeto em seções, e a cada tarefa adicionar subtarefas, anexos, rótulos, prioridade e lembrete para terminar.

O programa vem um mini tutorial bem rápido em forma de projeto com tarefas para apresentar as funcionalidades.

Planify

Se um gerenciador de tarefas orientado a projetos for demais, uma opḉão mais simples é o Errands .

Secrets

Secrets é um gerenciador de senhas local. Funciona através de um cofre, onde o cofre tem uma senha mestre que desbloqueia o que está guardado dentro dele, que são as senhas de outros serviços. Dessa forma, é necessário lembrar apenas da senha mestre para usar as demais. Assim, é possível ter senhas diferentes para cada serviço sem precisar decorar todas.

Essa funcionalidade existe em serviços online também, como o BitWarden. Mas para algo importante como senhas, é melhor ter o controle de uma cópia local e não depender da hospedagem de terceiros.

Secrets

Folio (programa de anotações)

Folio é um programa de anotações simples em forma de caderno digital com suporte à linguagem Markdown.

É possível ter vários cadernos, que ficam na coluna mais à esquerda, e cada caderno tem várias notas, na coluna central.

Não é necessário saber a sintaxe do Markdown, existem botões na interface para editar o mais comum.

Folio

Rnote

Rnote é um caderno digital escrito à mão. Útil em tablets e anotações com mesas digitalizadoras. Permite fazer anotações à mão em PDF e imagens.

Rnote

gThumb

gThumb é um visualizador e organizador de imagens. O programa menos simples dessa lista. Possui várias funcionalidades, entre elas:

  • Criação de catálogos de imagens
  • Criação de bibliotecas de imagens
  • Edição básica
  • Etiquetas
  • Comentários
  • Apresentação em slides

gThumb

Parabolic (gerenciador de downloads)

Parabolic é um gerenciador de downloads focado em áudio e vídeo. Pode baixar vídeos de todos esses sites suportados (YouTube é um deles).

Também é possível fazer download de arquivos quaisquer.

Parabolic

Showtime / Clapper / Celluloid (players de vídeo)

O player de vídeo padrão do GNOME, chamado Totem, é bem ruim e será substituído em uma versão futura pelo Showtime. Outra opção que ficou popular foi o Clapper, que tem suporte a playlists.

Celluloid é um player leve e bem completo. Utiliza o mpv para rodar os vídeos.

Qualquer um dos 3 é bom. A ordem de menção de cada um foi baseada em quanto cada um é mais integrado ao GNOME.

Showtime

Dèja Dup (backup)

Dèja Dup é um programa para fazer backup local ou remoto (suporta oogle Drive) de diretórios e arquivos do sistema. Possui suporte a compressão e a deduplicação, que é a capacidade de verificar alterações entre versões do backup e gravar apenas as alterações, economizando espaço e permitindo acessar diferentes versões do backup.

Dèja Dup

Um backup feito com esse programa é mais complicado de ser acessado no Windows. Para arquivos que precisam ser acessados por lá, é melhor usar o Celeste.

Celeste (sincronizador de nuvem)

Celeste é um programa bem simples, mas muito útil. Permite sincronizar diretórios e arquivos locais com diretórios na nuvem. A nuvem pode ser Google Drive, ou qualquer outra suportada pelo rclone.

Celeste

Mission Center (monitor de recursos do sistema)

Central de Missões serve para monitorar recursos do sistema: utilização de CPU, memória, disco, GPU, rede. Além de ver quais processos e aplicativos estão consumindo mais. Bem útil para identificar o que está deixando o sistema lento (se for o caso).

Central de Missões

Gapless (player de música)

Gapless é um tocador de música focado em álbums com uma interface leve e interessante. Ainda que hoje, devido aos serviços de streaming, tocar música direto no computador seja algo mais nichado, ainda existe e possui algumas vantagens: não depender de conexão à internet, disponibilidade do serviço e de programas mais pesados, e arquivos locais também podem ter qualidade melhor, como flac.

Gapless

Ear Tag (editor de etiqueta de música)

Ear Tag traz uma funcionalidade que muitos players de música tem, mas o Gapless não: editar etiquetas de áudio. As etiquetas são o que faz com que players identifiquem os metadados (título, álbum, artista etc) de cada arquivo de música.

Ear Tag

Shortwave (player de rádio)

Shortwave é um player de rádio que permite buscar rádios online na lista do Radio Browser. Também identifica metadados do áudio que está rodando, e permite salvar os áudios de cada faixa que termina.

Shortwave

Impression (gravar sistemas na USB)

Impression é um gravador de imagem ISO em pendrive, assim como o balenaEtcher recomendado no Windows, porém em um aplicativo apenas para Linux. Enquanto o balena ainda pode ser usado, ao contrário dele o Impression oferece uma versão nativa e bem integrada. Excelente para configurar pendrives de instalação para outros computadores :)

Impression

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Você instalou o Zorin OS. Ele se parece muito com Windows, com uma barra de tarefas, um menu iniciar e uma área de trabalho. Você pode transferir seus hábitos de Windows sem muita dificuldade, mas esse não é o melhor uso do sistema, principalmente se seus hábitos transferidos também não forem dos melhores no Windows. Por isso, é interessante tirar um tempo para estudar a interface de usuário do novo sistema.

O que o Zorin OS usa de fato é o ambiente desktop GNOME. O ambiente desktop é responsável por unificar o fluxo de trabalho. É o que traz o “design”, aplicativos básicos chamados de Aplicativos Core, e serviços rodando no fundo. Apesar das diferenças visuais, as teclas de atalho são quase idênticas às do Windows, de forma que a transferência de hábitos possa levar pouco tempo.

O Zorin usa um GNOME modificado para ser mais parecido com Windows. Para este post, vou considerar o GNOME original, que pode ser usado em poucos cliques selecionando a opção correspondente no programa de customização de aparência do Zorin. O padrão é bem diferente do Windows, mas não há problema, basta trocar de volta para o do Zorin pelo mesmo programa.

Zorin Appearance

Primeiros passos

O GNOME possui um programa próprio de ajuda próprio chamado “Ajuda” ou, pelo nome técnico, “Yelp”. É comum ignorar esse programa e sair usando o sistema, mas tire um tempo para ler pelo menos o mais importante, que é a visão geral e as dicas e truques.

Yelp

Visão geral / Overview

Todo o ambiente é focado no uso do teclado, e é preferível encontrar as coisas digitando. Ao pressionar a tecla Super (“botão do Windows”), é aberta a visão geral de janelas e aplicativos (Overview). Essa visão é composta de um painel superior, uma barra inferior chamada 'dash' (mostra as janelas abertas, onde também é possível fixar programas favoritos), um campo de pesquisa e a tela onde os programas são abertos.

Visão geral

No campo de pesquisa, é possível digitar qualquer coisa pesquisável, geralmente aplicativos. Para descobrir tudo o que é pesquisável, existe uma opção “Pesquisa” nas Configurações do Sistema. Ao pesquisar por “Pesquisa”, é possível encontrar e abrir essa opção diretamente. Algumas possibilidades de pesquisa por padrão são:

  • Calculadora: pesquise por '1+1'
  • Emoji: pesquise por 'roll'
  • Relógio: pesquise por 'Berlin' (irá mostrar a hora local lá)

Pesquisa

Outros programas de terceiros podem implementar suas pesquisas também, assim como extensões podem implementar outros tipos de pesquisa como será visto mais adiante.

Espaços de trabalho (Workspaces)

Ainda na visão geral, à direita da tela existe um espaço de trabalho diferente. Os espaços de trabalho ficam mais evidentes na visão de “Mostrar aplicativos” (Super+A). É possível arrastar tanto janelas abertas para outro espaço na visão de janelas, ou abrir novos aplicativos na visão de aplicativos.

Os espaços de trabalho servem para organizar o trabalho em diferentes contextos. Pode haver um espaço “Trabalho” e um espaço “E-mail”, por exemplo, para separar aplicações de cada contexto.

Extensões

Funcionalidades que não vem por padrão no GNOME podem ser obtidas diretamente da comunidade pelo site GNOME Extensions.

Por padrão, o Zorin não vem com um gerenciador de extensão, mas este pode ser instalado por um programa chamado “Extensões” na loja. Esse gerenciador permite instalação, configuração e desinstalação de extensões sem precisar acessar o site.

É esperado que todos os casos de uso comuns estejam disponíveis por padrão, porém casos de uso mais específicos podem precisar de extensões. O Zorin também já inclui extensões para os maiores casos de uso.

Teclas de atalho

O uso mais eficiente do GNOME é por meio de combinações de teclas de atalho. As combinações possíveis podem ser vistas no programa “Ajuda” => “Dicas & Truques”.

Contas Online

Conectar contas online (buscando por “Contas Online” na visão geral) permite utilizar serviços da conta no GNOME, ao invés de acessar por meio do site. Ao conectar uma conta Google por exemplo, é possível:

  • Utilizar o Gmail pelo programa “Evolution”
  • Utilizar calendários pelo programa “Calendários” e também ver os eventos no menu de hora no painel superior
  • Utilizar os contatos do Google no programa “Contatos”
  • Acessar Google Drive pelo gerenciador de arquivos

Sobre mim:

Monaĥo (Vinicius) é ativista vegano e de software livre.

Contato:

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Atualmente no mercado é possível encontrar modelos de notebooks que venham com alguma distribuição GNU/Linux pré-instlada de fábrica. Existem dois tipos de notebooks que são vendidos dessa forma:

  1. Laptops projetados para rodar distribuições, com o hardware escolhido a dedo para garantir o melhor suporte e compatibilidade.
  2. Laptops projetados para rodar Windows, formatados para rodar alguma distribuição.

Na América do Norte e Europa existem várias opções do primeiro caso. O Site Linux Preloaded cataloga a maior parte das empresas que oferecem notebooks especializados em GNU/Linux. No Brasil, a história é um pouco diferente. Existe apenas a segunda opção e, ao meu conhecimento, apenas 3 fabricantes:

  • Lenovo (divulga o sistema genericamente como “Linux”, mas que na verdade é o Satux, uma distribuição brasileira já descontinuada).
  • Acer (divulga como Endless OS, que é o nome de fato da distribuição, há mais clareza aqui. Mais recentemente anunciaram notebooks um tal de Linux Gutta, sem referências).
  • Asus (divulga como KeeP-OS, uma distribuição que não tem lançamento novo desde 2014 e nem consta no DistroWatch).
  • Vaio (divulga como “Linux”, não sei qual a distribuição).
  • Dell (divulga como Ubuntu, mas o marketing nicha o sistema como sendo para desenvolvedores).

Como o Satux já foi descontinuado, não se pode considerar seriamente para uso convencional diário e não sei por que a Lenovo escolheu essa distribuição.

O Endless OS é uma distribuição voltada a educação e inclusão digital. Não é voltada ao mercado de propósito geral para computadores convencionais. Ainda, a experiência de uso do Endless OS é centrada em um ambiente GNOME modificado e aplicações Flatpak, o que desvia bastante essa distribuição da forma de uso convencional.

O Ubuntu, distribuído pela Dell, é de propósito geral e pode ser utilizado da forma convencional. Nesse caso, o maior problema são as decisões controversas da Canonical, como forçar o próprio formato de pacotes (Snap), substituindo pacotes do repositório padrão.

Nesses 3 casos, a melhor opção é não usar o sistema de fábrica e instalar uma distribuição melhor. Eu promovo a ideia de voltar às raízes do sistema e utilizar disitribuições que melhor representem a proposta do GNU, mas que ainda sejam de fácil utilização e que não imitem outro sistema. Por isso, considero o Fedora e o Debian como os melhores candidatos para uso convencional, mesmo para iniciantes. Mas como este não pode ser o caso para todo mundo, o Linux Mint e Zorin OS, ambos baseados no Ubuntu, são as melhores opções.

Entende-se que o motivo seja o corte de custo com licenças,mas a pergunta que fica é: quando as fabricantes vão trazer uma boa experiência de usuário com as distribuições acima ao invés de distribuições das trevas? É ainda mais fácil e econômico utilizar uma distribuição conhecida e amigável.

Escolhendo um modelo (no Brasil)

Dell

O Ubuntu possui uma lista de hardware certificado, que inclui notebooks. As marcas certificadas são Dell, HP e Lenovo. As certificações costumam estar atualizadas com os modelos mais recentes.

Na loja online oficial da Dell há um filtro para notebooks que são vendidos com Ubuntu (pode ser necessário escolher manualmente na configuração do modelo). Visitando manualmente a página de cada notebook, é possível encontrar notebooks vendidos com Windows mas com a opção de vir com Ubuntu (com desconto de R$ 300 atualmente, ao escolher Ubuntu) na configuração das Especificações Técnicas.

Para notebooks de duração prolongada, a Dell possui a linha Latitude, que é voltada a empresas e possui uma construção melhor para uso de longo prazo. O equivalente da Lenovo é a linha ThinkPad. Também são linhas mais caras.

Lenovo

Dentro dos laptops recondicionados, o Lenovo ThinkPad é a melhor opção a longo prazo. A linha ThinkPad é feita para empresas, com hardware de alta durabilidade e excelente compatibilidade com Linux, além de alguns terem suporte a Libreboot (um equivalente de software livre à BIOS ou UEFI). O Libreboot traz vantagens de desempenho e atualizações de segurança para hardware de modelos que já saíram de linha (o fabricante não atualiza mais). As atualizações de sistema operacional independem do Libreboot, ele é voltado ao software que roda diretamente na placa-mãe dos dispositivos.

Um modelo que posso recomendar para 2025 é o ThinkPad T480, facilmente encontrado no MercadoLivre e que atende aos requisitos acima. É o melhor para trabalho e escritório e minha recomendação principal para esse caso de uso. No Brasil, apenas os ThinkPad tem suporte a Libreboot.

Normalmente esse modelo vem com uma licença original do Windows Pro. Essa licença já foi paga pela empresa que deu origem à máquina e o comprador do recondicionado normalmente não está pagando por uma licença nova. Nenhum valor financeiro será perdido ao formatar.

Outros

Nas marcas e linhas mais baratas, os notebooks com melhor compatibilidade com Linux são os com processador e placa de vídeo AMD, com o modelo de processador Ryzen e placa de vídeo integrada Vega. Nas lojas online podem ser encontrados pesquisando por “notebook ryzen linux”.

Alguns notebooks voltados a jogos podem ter um processador Ryzen e placa de vídeo NVIDIA. Se o caso de uso não for jogos, é melhor adquirir um com a placa de vídeo integrada.

A marca não importa tanto. Em termos de custo benefício, acredito que a melhor marca totalmente AMD que já vende o notebook com Linux é a Asus com a linha Vivobook.

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Sistemas operacionais como Windows e MacOS são desenvolvidos inteiramente por uma empresa. Todos os pedaços que compõe são desenvolvidos como um único projeto, e assim podem divulgar o produto (sistema operacional) com um nome único, representando todos os pedaços que foram desenvolvidos por ela.

Uma caraterística daquilo que se conhece por “Linux” é não existir um único projeto que desenvolva o sistema inteiro, mas sim projetos de entidades separadas que se combinam para formar o sistema operacional. Por isso, há tantas controvérsias quanto à nomenclatura do sistema. Alguns projetos são:

  • GNU: desenvolve as aplicações fundamentais do sistema (interpretador de comandos, utilitários de linha de comando, bibliotecas, entre outros)
  • Linux: desenvolve o núcleo do sistema (responsável por fazer a interface entre hardware e as aplicações)

O projeto GNU possui um núcleo chamado Hurd, um ano mais antigo que o Linux, mas decisões técnicas no passado dificultaram e atrasaram o seu desenvolvimento. Este vão foi preenchido pelo Linux, um projeto independente do GNU, formando assim o sistema operacional GNU/Linux. O que é o “Linux” hoje, poderia ter sido apenas GNU.

Assim como é possível acoplar projetos diferentes. Existe GNU sem Linux e Linux sem GNU.

Mesmo que GNU/Linux seja um sistema operacional completo, não há um formato unificado de instalação de software (como os arquivos .exe no Windows). E é neste sentido que entram as distribuições.

As distribuições estão distribuindo algo, que neste caso são pacotes. “Pacotes” é um termo que engloba aplicativos, bibliotecas para desenvolvimento, documentação, manuais, conteúdo de mídia, entre outros. Toda informação digital pode ser distribuída em pacotes, não apenas software. A instalação de um pacote apenas copia os arquivos para caminhos que o sistema reconhece e os pacotes são hospedados em um repositório que pertence à distribuição.

O sistema que se baixa e instala, então, é uma distribuição. Portanto, não há nenhum sentido em dizer “Instalar Linux” para se referir a instalar um sistema operacional, mas sim em instalar distribuições do sistema GNU/Linux.

A distribuição (sistema operacional) ainda em desenvolvimento que é a mais antiga (1993), e também voltada a usuários mais avançados, é o Slackware. O GNU não tinha sua própria distribuição até 2013, quando foi lançada a primeira versão do Guix (ou GuixSD, com SD significando System Distribution, no caso da distribuição e não do gerenciador de pacotes). Por ser mais novo e utilizar técnicas de desenvolvimento mais avançadas, do domínio de poucos especialistas, o Guix também acaba sendo mais nichado para usuários mais avançados. O Guix com kernel Hurd seria o mais próximo que existe do “Sistema GNU”, onde tudo o que compõe o sistema operacional é desenvolvido unicamente pelo GNU. Mas, até lá, podemos discutir distribuições mais fáceis e bem estabelecidas. As mais conhecidas são:

As distribuições listadas acima são de propósito geral, para serem usadas como substituto do ou alternativa ao Windows. Porém, a flexibilidade das distribuições permite que existam distribuições de propósito mais específico:

O site DistroWatch cataloga e acompanha a maioria das distribuições existentes. Nele, é possível verificar novas distribuições, bem como novos lançamentos. Também é possível ver rankings e fazer buscas.

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