Alguém certo
Estou em um período em que muitas decisões importantes precisam ser tomadas. E aí vem a ansiedade de tomar as decisões certas, de buscar crescimento, de ser melhor e fazer melhor. Coloquei muita pressão e, suspeito, comecei a agir como se essas decisões, desde que “certas”, pudessem me refazer, tirar tudo que é inconveniente, embaraçoso, muito barulhento ou muito quieto, muito incerto, enfim. Quem sabe se eu fizer tudo certo, eu não viro outra pessoa? Alguém menos díficil de ter que acompanhar todos os dias, 24h por dia, para sempre (bom, não para sempre, mas você entendeu).
Eis que, hoje durante as divagações matutinas embaixo do chuveiro, me ocorreu o seguinte: onde quer que eu vá, eu vou estar lá. Não é exatamente um pensamento revolucionário, mas vira e mexe precisamos reforçar o óbvio.
Nada pode nos salvar de nós mesmos. Não existe conquista ou horas de terapia que possa mudar isso, ou garantir a felicidade e a certeza, isso é, a ausência do incerto. Não existe amizade, romance, cargo ou dinheiro que possa te livrar de si mesmo. Não existe aprovação no mundo que possa preencher o vazio, nem decisões tão certas, mas tão certas, que você se torna mais certo — mais normal, mais bem ajustado, mais aceito, mais galera, ou coisa o que o valha — através delas.
Eu sempre esqueço dessa coisa óbvia e simples e fico lutando com isso e aquilo na esperança de se tornar algo mais ou outro alguém. Alguém mais “certo”.